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Passeando pelo Portugiesenviertel, o bairro português de Hamburgo

Quem sai das imediações do Porto de Hamburgo em direção à Ditmar-Koel Straße, caso percorra o caminho de olhos fechados, vai achar que em poucos minutos viajou até Portugal. Fachadas de lojas e restaurantes ostentam placas com palavras como: O Pescador, Restaurante Porto, Café Sul, Restaurante Madeira, entre outros. Os mais atentos ficarão intrigados, mas logo descobrirão que estão numa área chamada Südliche Neustadt, que foi devidamente rebatizada de Portugeisenviertel, ou, em bom português (!), bairro português. 


Na metade do século dezesseis os navegadores portugueses em meio às suas jornadas faziam paradas no porto, que está vizinho ao bairro. Nos anos 70  imigrantes do país luso fixaram residência nessa porção da cidade e, apesar de serem numerosos e mais da metade dos estabelecimentos pertencerem a portugueses, espanhóis e italianos também dividem o espaço, ao todo, são cerca de 16 nacionalidades convivendo ali no portugeisenviertel de Hamburgo. 




A atmosfera do bairro pouco se parece com os ares alemães, de fato, os portugueses conseguiram importar mais do que bacalhau para a Alemanha, eles conseguiram estabelecer o clima da terrinha por aqui. Não sei se são mesas nas calçadas, as taças de vinho verde sobre elas ou aquela poesia que é peculiar à língua portuguesa, mas a vibe por ali é outra. 

Passeando pelo bairro convenientemente na hora do almoço, resolvemos parar para fazer a refeição na Churrascaria O Frango. A ementa nos agradou, sopa de legumes com pão de entrada, como pratos principais, salmão no churrasco com batatas e salada e frango no churrasco à portuguesa, conhecido como frango piri-piri. Além de vinho verde para arrematar. A comida estava deliciosa e o atendimento foi muito cordial, sem dúvida já nos sentimos mais perto de “casa”.  A conta deu cerca deu incríveis 25 euros. 




Passamos a sobremesa no restaurante, afinal de contas, estávamos num bairro português. A partir daí nossa missão foi achar um lugar que vendesse pastel de nata. E bastou subir a Reimarusstraße até a esquina onde ela encontra a Ditmar-Koel Straße, para chegarmos à Pastelaria Cristal. Ali, sentamos numa mesa na calçada, pedimos em bom português: um galão e dois pasteis de nata. 



Aqueles sabores alimentaram e aqueceram o corpo naquela tarde nublada, mas o passeio pelo bairro português de Hamburgo alimentou a alma com poesia e com a certeza que existem muitas viagens dentro de uma viagem. Que, de alguma forma, Brasil, Portugal e Alemanha se conectam e que a gente, ali, naquele momento, era a intersecção de tudo. Vida longa a Hamburgo e sua pluralidade! 

Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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