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Letônia | 24 horas em Riga

Deixamos Vilnius no começo da noite, ainda curtindo muito tudo o que vimos em apenas um dia por lá, e partimos rumo a Riga, capital da Letônia, num voo da AirBaltic. Sabíamos poucas coisas sobre essa metrópole, sabíamos apenas que ela guarda uma das coleções mais ricas de Art Nouveau do mundo e que é Patrimônio Mundial da UNESCO. Só por isso já estávamos bem curiosos com o que veríamos em  24 horas na capital letã. 
Das construções mais icônicas de Riga, a House of Blackheads foi erguida em 1334, destruída na Segunda Guerra e reconstruída em 99

A Pulvertornis - torre de areia - ao fundo e Riga nevada em pleno começo de primavera

     

 

Do aeroporto ao centro histórico de Riga usando transporte público

Chegamos a Riga já no fim da noite, desembarcamos e rapidamente já estávamos comprando o ticket do ônibus na loja de conveniência do lado de fora do saguão, onde a pessoa da informação do turismo nos indicou. Em poucos segundos, descobrimos que no ponto de ônibus do aeroporto de Riga tem uma máquina onde dá para comprar com tranquilidade a passagem. Compramos um bilhete de 24 horas do transporte público (5 euros para usar tram, trolleybus e ônibus) e a viagem até o nosso hotel, já nas imediações do centro histórico da cidade, durou cerca de 25 minutos. A linha que liga aeroporto e centro é a 22.  

Apesar de fazer bastante frio, a noite era de céu limpo, chegamos até a duvidar da previsão de neve para o dia seguinte, mas não teve jeito, a neve foi nossa companheira de viagem quase que em tempo integral em Riga. Acordamos na sexta-feira santa, feriado na cidade, colocamos a nossa roupa mais quentinha e partimos para explorar a capital da Letônia. 

Arte Nova em Riga

Nossa primeira parada foi no ponto mais distante marcado no nosso mapa, o bairro Art Nouveau da cidade. Cerca de um terço dos imóveis do centro da capital letã foram projetados nesse estilo arquitetônico, o que torna Riga a cidade com a maior concentração de prédios no estilo no mundo. Descemos do tram nas imediações do Kronvalda Park e seguimos caminhando pelas ruas Strēlnieku, Alberta, Elizabetes e Antonijas. Nesse quadrilátero estão edifícios repletos de detalhes e histórias, um prato cheio para quem gosta de arquitetura. Aos que gostariam de se aprofundar no assunto e ver exemplos mais de perto, há ainda um museu dedicado ao tema


Detalhes de Art Nouveau na capital da Letônia

Riga é conhecida por guardar a maior coleção de prédios em art nouveau no mundo

Uma caminhada congelante por Riga 

Seguimos o passeio, agora numa caminhada longa, com destino ao centro histórico de Riga, deixando o bairro Art Nouveau, passando pelo Museu Nacional de Arte Letã e a Academia de Arte da Letônia, margeando o Kronvalda Park. Na altura do Monumento da Liberdade de Riga, cruzamos a ponte que passa sobre o Pilsētas kanāls. Nosso intuito era fazer um passeio de barco nessa hora – que dura cerca de 1 hora e custa 18 euros por pessoa. Os barcos que fazem o trajeto pelo canal de Riga são super charmosos e centenários. No entanto, nessa sexta-feira de começo de primavera de muito frio, parte do canal encontrava-se congelada e não houve saída de barco. O jeito foi continuar explorando a cidade, passando pelo curioso Paimas pulksteņa, o relógio que serve de ponto de encontro para os locais desde 1924, quando foi instalado. 

Contrastes: Fachada do Museu Nacional de Arte Letã e a obra Venus de Willendorf do século 21 de Brigita Zelca

Tram de Riga passando em frente ao famoso relógio, ponto de encontro entre os locais

Chegando à Līvu laukums, uma das praças mais icônicas de Riga, não sei se por causa da neve em contraste com o colorido do casario ao redor, mas parece que estamos num conto de fadas. Ali perto estão a casa do gato (Kaķu nams), além do prédio que hoje abriga a Orquestra Sinfônica Nacional da Letônia. Continuamos andando até chegar no Trīs Brāļi – três irmãos – cartão postal de Riga e mais antigo complexo de casas da cidade, construído nos idos do século 15. Segundo uma lenda os prédios foram levantados por homens de uma mesma família em períodos diferentes.

A praça da capital Letã que mais parece cenário de conto de fada

A casa do gato

Os famosos prédios chamados de Três Irmãos

Riga tem um sem fim de pontos de interesse, listados num mapa oficial da cidade são, pelo menos, 33 deles. A vontade era de apressar o passo para ver tudo, mas o frio pedia algumas paradas para um café e um ritmo mais lento. Ali mesmo, mas imediações dos Três Irmãos, da Catedral de St. James (Jēkaba Katedrale) e o Portão Sueco (Zviedru vārti), paramos naquele que se intitula o café mais romântico de Riga. O serviço não é dos mais cordiais, talvez fosse a quantidade de gente com o mesmo objetivo lá dentro. Mas achamos uma mesinha pra dois, pedimos cappuccino, latte macchiato, uma fatia de torta (pagamos cerca de 12 euros em tudo) e a parada no Parunāsim kafe'teeka foi tudo o que a gente precisava para recarregar as baterias para a segunda parte do nosso roteiro por Riga. 

Num beco sem saída de Riga, um café

Para esquentar o passeio nesse dia gelado: Cappuccino e torta

O lado medieval de Riga

Se começamos nosso tour pela capital da Letônia nos maravilhando com toda a arquitetura da Belle Époque, ver traços da herança da Idade Média não foi menos empolgante – porque ainda não conhecíamos Tallinn, vale ressaltar. Uma das maiores igrejas dos Países Bálticos, a Catedral de Riga (Rīgas Doms) e seus tijolos vermelhos formam uma grande obra de arte medieval. A Torre de Areia (Pulvertornis), construída em 1330,  destruída e reconstruída várias vezes, tendo seu formato atual definido em 1650, hoje abriga um museu de guerra. O miolinho do centro histórico da cidade é cortado por pequenas e estreitas ruas repletas de portões e passagens que corroboram com o passado medieval da metrópole.  Às margens do rio Daugava está o Castelo de Riga (Rīgas pils). Hoje residência do presidente da Lituânia, o prédio passou por diversas mudanças desde o início da sua construção, em 1330, e do alto de uma de suas 6 torres é possível ter uma vista panorâmica da cidade, bem como do alto da torre da Igreja de São Pedro (Rīgas Sv. Pētera baznīca).


Castelo de Riga
            


Uma das muitas passagens de Riga e suas heranças medievais

Rozena iela, uma das mais curtas e estreitas ruas da capital Letã

Gastronomia Letã em Riga

Para provar um pouco dos sabores da Letônia, nossa primeira ideia era visitar o imenso Mercado Central de Riga, cuja arquitetura peculiar se deu porque seus pavilhões serviram de hangar para os zepelins do exército alemão durante a guerra. Passadas guerras e ocupações, hoje esse grande mercado serve para abastecer moradores e visitantes com os melhores e mais variados produtos oriundos de fazendas locais. Infelizmente, como era feriado, o mercado estava fechado. Mas engana-se quem pensou que deixamos Riga sem provar da sua cozinha. 
O ambiente aconchegante do Ala Pagrabs

Meu prato típico da vez: Almôndegas da Letônia

Escolhemos o Folkklubs Ala Pagrabs, o lugar fica num subsolo e, ao descer as escadas vários ambientes desse enorme bar/restaurante/casa de show se apresentam. Não foi difícil pegar uma mesa sem reserva, mas garantimos uma das últimas. Com clima de taverna à luz de velas, o ambiente é bem intimista, os garçons falam inglês e são simpáticos. O forte da casa, aparentemente, é a sua variedade de rótulos de cerveja, mas ao percorrer o cardápio, vimos que eles também produziam a própria cidra no local e resolvemos experimentar. Fizemos muito bem em dar uma chance à bebida, estava deliciosa. O cardápio não é muito extenso, os preços são muito camaradas e os pratos, bem servidos. Pedimos o Dundagas Royal Stroganoff (6,50 euros) e as Tradicionais Almôndegas da Letônia (6 euros), o serviço é meio lento, mas quando os pratos chegaram nem lembramos da demora, a refeição foi uma delícia e, assim, pudemos nos despedir de Riga com aquele gostinho de quero mais. 


Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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