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Índia | 10 coisas para fazer em Varanasi

Varanasi, dentre todas as nossas paradas na Índia, era a cidade que eu mais queria visitar – já o Taj Mahal era o monumento que eu mais queria ver. Sempre tive na memória a imagem da vida em torno do sagrado rio Ganges, onde pessoas se banham, rezam, morrem e renascem. Separamos dois dias nessa que é considerada uma das mais antigas cidades do mundo, e eu só posso dizer que valeu a pena, mas eu queria mais.  


Nessa cidade sagrada, onde as pessoas vão para morrer e terem seus espíritos purificados pelas águas do Ganges, a relação com a morte é muito íntima. Ao cair a tarde, não raro, vemos pequenos cortejos percorrerem as vielas que levam ao  rio. Enquanto tomamos um lassi, uma atividade corriqueira na Índia, vemos um  um corpo coberto por flores laranjas e amarelas ser carregado a caminho da cerimônia de cremação. Ao redor, exceto por nós turistas, ninguém parece surpreso. Em Varanasi, tão comum quanto a vida é a morte.

Sinto que vimos um resumo de tudo, mas Varanasi, bem como a Índia em si, precisa de um tempo maior de digestão, para que a gente possa compreender tudo o que se passa ao nosso redor.  Em dois dias na cidade nós tentamos ter o máximo de experiências possível, por isso, mesmo sob um calor de mais de 40 graus, preenchemos nossos dias com várias atividades e agora eu compartilho com vocês 10 coisas para fazer em Varanasi, a cidade mais sagrada da Índia:

1 – Visitar templos: Sim, eu sei que a vida em Varanasi corre em torno do rio Ganges, mas a cidade tem templos hindus incríveis e que valem demais a visita. Por lá, o cotidiano não se diferencia em nada das outras grandes cidades indianas, tem muita gente e muito barulho, mas basta entrarmos num templo para que toda aquela confusão fique para trás. São pequenos (às vezes enormes) oásis de calmaria e devoção. Fomos a quatro templos em Varanasi num tour oferecido pelo GoStops Hostel, nossa excelente hospedagem na cidade. Destaco os templos de Durga – o templo vermelho – e o Monkey Temple, situado numa área verde, ali se encontra o santuário dedicado ao Deus-Macaco, encarnação de Shiva.



2 – Se hospedar em um hostelfalei brevemente das nossas hospedagens na Índia e, reafirmo aqui, grande parte do sucesso da nossa visita a Varanasi se deve ao fato de termos ficado hospedados no GoStops Hostel, que além de ser bem organizado, oferecia vários passeios pela cidade. Fizemos 3 tours com eles e, sem dúvida, aprovamos todos. Teríamos inclusive feito outros se tivéssemos mais dias por lá. Numa cidade como Varanasi, cheia de turistas, fatalmente você vai trocar uma ideia com outros viajantes, mas a impressão que tive é que todos estavam numa viagem interior, por isso a interação era muito tranquila, sem afobação. A meu ver, o papel do GoStops Hostel, com seus tours, é juntar os viajantes com objetivos similares, mas com propósitos diferentes. E nisso eles acertam muito. Recomendamos;


3 – Ver o pôr do sol no Rio Ganges: O Ganges, considerado sagrado pelos hindus, é batizado em homenagem a Deusa Ganga, pois eles acreditam no rio como uma divindade materna. Adeptos do hinduísmo creem que suas águas são poderosas e que uma vida não é completa sem um mergulho no rio. Essas águas lavam e purificam as pessoas de seus pecados e até doenças. No Ganges há vida em todas as horas do dia, mas o nascer e o pôr do sol são brindados com rituais que marcam a vida em Varanasi. Um dos passeios mais famosos na cidade é assistir a um dos dois espetáculos (ou os dois, para os que tem tempo) e se deleitar com a força da natureza. Nós terminamos nosso dia na margem oposta às escadarias do Ganges, num banco de areia do outro lado do rio, vendo o sol ir embora e abrir espaço para a renovação. Inesquecível;



4 – Passear de barco pelo Ganges: Dá para ver tanto o nascer quanto o pôr do sol em Varanasi a partir de alguma das escadarias que levam ao rio. No entanto, a forma mais comum é, sem dúvida, a bordo de uma embarcação que corre rio acima e nos coloca no meio dessa força espiritual e da natureza que é o Ganges. Ver Varanasi, seus moradores e visitantes  sob uma outra ótica, nesse caso, de fora pra dentro, é emocionante. O ritmo frenético indiano parece diminuir enquanto cortamos as águas e escutamos a história do lugar, mas não se engane, tem muita coisa acontecendo nas margens e dentro do rio e é preciso apurar bem os olhos e ouvidos para dar conta de captar todos os estímulos desse passeio imperdível;



5 – Ver o Sinking Temple de perto: Bem perto do Manikarnika Ghat, também conhecido como Burning Ghat, onde acontecem as cerimônias de cremação, tem um prédio que certamente chamará sua atenção – caso você esteja em um passeio de barco pelo Ganges. Obviamente que de fora do rio você também verá o Sinking Temple, mas se deparar com um templo parcialmente submerso tão de perto é impressionante. Inclinado, provavelmente, por uma falha na sua estrutura, esse motivo foi suficiente para fazer com que os indianos criassem lendas e inúmeras simbologias acerca desse templo. Uma dessas lendas diz que o templo foi um presente do rei à sua mãe, que não gostou da prenda e amaldiçoou o templo, fazendo com que ele inclinasse para depois afundar... Verdade ou mentira, esse lugar é um deleite para os fotógrafos de plantão (e para quem acredita em praga de mãe);



6 – Tomar  um lassi para refrescar: Quando você pisar na Índia, em pleno verão, certamente vai querer lançar mão de tudo o que estiver ao seu alcance para aplacar o calor. E é aí que você vai esbarrar numa bebida deliciosa a base de iogurte chamada lassi. Dificilmente a gente encontra um lassi igual ao outro, todo mundo tem uma receita boa e um modo de preparo particular, com frutas, puro, gelado, doce, salgado... Mas foi em Varanasi que tomamos, provavelmente, o mais famoso lassi da Índia. Dez entre dez visitantes recomendam uma parada na Blue Lassi Shop. E nós não contrariamos as recomendações. A estrutura é diminuta, muito rústica e a gente até duvida que saia algo muito legal dali, mas somos acomodados dentro do pequeno salão, um labrador que ocupa um quarto do espaço nos dá uma calorosa boas-vindas e logo escolhemos nossos sabores: manga e coco e outro de romã. Servidos frios, em potinhos de barro, basta uma colherada para a gente sacar o motivo de tanto sucesso. Além de lindo o lassi é bem gostoso. Demoramos mais do que uma parada normal por lá e foi o tempo necessário para o sisudo rapaz que faz a bebida na nossa frente, se soltar e se mostrar uma pessoa divertida e sorridente. A loja é repleta de fotos de visitantes e  a nossa está lá, procure a instax com 4 pessoas felizes e um cachorro;


7 – Se aventurar num food tour: Sim, comida de rua é parte da essência indiana. Sim, você vai ver incontáveis bancas e lojas vendendo todo tipo de street food. Sim, algumas vão dar água na boca. Sim, você vai ter problemas em tentar arriscar sozinho em qual parar e o quê comer. Nós recomendamos, portanto, fazer um food tour. E foi em Varanasi que embarcamos numa caminhada de quase 3 horas por becos e ruelas provando a magia dos sabores da Índia. Fizemos paradas para provar pães doces e salgados, chicken tikka bem macio, pani purichaat, doces indianos, como o gulaab jamun, além do lassi do item acima. Tudo fresco, bem feito, a preços inacreditáveis. Para mim, comida e viagem andam juntas sendo impossível de separar as duas coisas e a Índia não é lugar para quem tem frescura com comida. Ou melhor, a Índia não é lugar para quem tem frescura; 


8 – Fazer uma refeição em um restaurante familiar: Ainda no tema comida, outra experiência que recomendamos para quem vai a Varanasi é tentar fazer alguma refeição em um restaurante familiar. No nosso caso, provamos a comida gostosa do Kerala Cafe. Frequentado majoritariamente por locais, a clientela se divide entre hindus, muçulmanos e curiosos, que no caso, éramos nós. Apesar de ser especializado na cozinha do sul da Índia, o restaurante oferece também uma gama interessante de pratos, que vão desde o macarrão vegetariano oriental – para quem precisa dar um tempo do turbilhão de temperos da cozinha indiana – ou o Curd Rice, um arroz frio com especiarias e iogurte que cai muito bem no verão. Para quem quer ainda mais da culinária do país, pode apostar num Chole Bhature, uma massa inflada que se assemelha ao pastel de feira do Brasil, acompanhada por um curry de grão de bico e cebola roxa crua. Para beber, assim como na maioria dos lugares na Índia, nada de bebidas alcoólicas ou refrigerantes, apenas um leite com chocolate ou um maltado, refrescantes e gostosos, vale salientar. O ambiente é simples, as mesas são disputadas e os preços, camaradíssimas; 



9 – Conhecer os Ghats que levam ao Rio Ganges: As escadarias que levam às margens do Ganges são chamadas de ghats e juntos, Ganga Ghats, formam o principal cartão-postal da cidade sagrada indiana. Ao longo do rio existem mais de 80 escadarias e cada uma delas tem um tipo de função, alguns recebem cerimônias, outros cenas do cotidiano – como as famosas lavanderias a céu aberto – e, pelo menos dois deles, são dedicados aos ritos de passagem de cremação. Cada ghat, apesar de lado a lado, tem uma característica própria. Muitos chamam atenção tamanha a suntuosidade, são construções grandiosas que impressionam até o mais distraído dos viajantes. Assi Ghat, Scindhia Ghat, Man Mandir Ghat, Darbhanga Ghat, Chet Singh Ghat e Dasaswamedh Ghat são alguns dos mais emblemáticos ghats a serem visitados quando em Varanasi; 





10 – Ver a cerimônia do Aarti: Se considerarmos a cremação a parte “triste” da vida no Ganges, a cerimônia do Aarti seria o oposto. Todos os dias, chova ou faça sol, logo após o cair da noite, milhares de pessoas se reúnem no Dasaswamedh Ghat, no coração de Varanasi, para assistir a esse poderoso ritual de devoção. A oferenda desse culto é o fogo – o que deixa tudo mais emblemático para quem acabou de presenciar uma cremação –, que é devidamente ofertado à mãe Ganga. Uma chama santa é levada aos devotos – mesmo aqueles que encontram-se nos barcos dentro do rio – que pousam suas mãos sobre ela e a levam ao rosto, purificando assim, seus espíritos. Jovens pânditas fazem movimentos coreografados, segurando velas, enquanto mantras são entoados e incensos são queimados. É uma cerimônia bonita e mais bonito ainda é testemunhar a comoção e a fé das pessoas ao nosso redor. Impossível ficar indiferente a tudo aquilo;




Repetindo o que disse no início sobre Varanasi: só posso dizer que valeu a pena, mas eu queria mais. 


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Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

5 Comentários

  1. Raphaaa, que lugar maravilhoso!
    Morri de vontade. A India já está no meu top 5 destinos, mas fiquei encantada com seu texto!
    E as fotos, como sempre, incríveis!

    Bela viagem!

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    Respostas
    1. Que bom você por aqui ;) A Índia é incrível demais, mas Varanasi quase não tem explicação. Vá de coração e mente abertos que será uma experiência e tanto.

      <3

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  2. Cara, que demais seu texto. Seu relato. Embarco em 5 dias e deixei no meu roteiro 3 dias para Varanasi. Sim, é a cidade que eu mais quero conhecer na India. Vou a 7. Obrigada por compartilhar sua rica experiência.

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    Respostas
    1. Que bom que você gostou, Rose. Obrigada pelo retorno 🙏🏻 Espero que você faça uma ótima viagem pela Índia e se encante, assim como eu, por Varanasi.

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  3. Vou conferir. Se gostar dos restaurantes, compro um imã para vc.

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