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Serra Gaúcha: Caminhos de Pedra

Ter a oportunidade de percorrer os quatro cantos do mundo é, sem dúvida, um privilégio difícil de mensurar. No entanto, é viajando pelo Brasil que a gente consegue traçar paralelos entre destinos concorridos lá fora e seus semelhantes aqui dentro. São paisagens que não ficam devendo nada – ou quase nada –  às estrangeiras. Podemos dizer que ir até Maragogi é como banhar-se no mar do Caribe ou que visitar Pomerode é dar um pulinho na Alemanha. E é mesmo, acredite.

Percorrendo os arredores de Bento Gonçalves tivemos a oportunidade de conhecer o Caminhos de Pedra, ou o que já é chamado de a “Toscana brasileira”. O caminho consiste em um roteiro de aproximadamente 7km pela área rural da cidade onde pontos de visitação, vinícolas e paisagens encantadoras se misturam para preservar e contar a história dos imigrantes italianos que chegaram à Serra Gaúcha nos idos de 1875.

A Itália no Rio Grande do Sul



Turismo rural em contato direto com a natureza

Uma das muitas paisagens encantadoras do Caminhos de Pedra


Foi por causa dessa preservação e restauração que o Caminhos de Pedra, já considerado o maior acervo arquitetônico da imigração italiana em meio rural do país, hoje também carrega consigo o título de museu vivo. Para percorrer toda sua extensão o viajante deverá reservar metade do dia (dependendo do interesse e do desenrolar da viagem, um dia inteiro). É mandatório que se pare nos diversos comércios ao longo da estrada e converse com cada um dos seus proprietários, eles contarão com prazer a história do lugar e dos seus antepassados.

Para mim, a melhor parada do roteiro foi a Cantina Strapazzon, com sua casa construída por volta de 1880 toda em pedra irregular, e que em 1995 serviu de cenário para o renomado filme brasileiro “O Quatrilho”. Cristiane, que nos recepciona dentro da casa (hoje cantina) nos brinda com relatos da vida de Giovani Strapazzon e sua família e nos apresenta a produção de sucos, vinhos e grappas. Um adendo: O suco de uva dessa família foi o melhor que já provei até hoje. Depois dessa degustação, em outra parte da propriedade, provamos queijo (maravilhoso), copa e salame, tudo feito ali mesmo, muito fresco e absolutamente delicioso. A lojinha é farta, dá para comprar tudo o que foi provado e reviver o momento em casa

Casa da família Strapazzon que serviu de cenário para "O Quatrilho"

Degustação de queijo, copa e salame, produtos coloniais feitos na propriedade

Melhor suco de uva que já tomei - Cantina Strapazzon

Copa e Salame coloniais pronto na loja da Cantina Strapazzon

Casa das Massas também resulta numa parada deliciosa, com seus biscoitos, massas, souvenires e artesanato. A casa de madeira que pertenceu à família Dal Pizzol foi construída em Farroupilha em 1910 e que, curiosamente, foi desmontada e reconstruída nas terras da família Tomasi, está aberta para receber os visitantes que por ali passam. No andar de cima encontra-se um pequeno museu da família com diversas ferramentas, algumas fotos e recordações da época. No fundos funciona, ainda, uma pequena fábrica de massas caseiras. Com sorte é possível ver alguém com a mão literalmente na massa.


Casa da família Dal Pizzol: construída em 1910 em Farroupilha, desmontada e reerguida no Caminhos de Pedra

No andar superior da Casa das Massas um pequeno museu com ferramentas da época da imigração


A Casa da Ovelha, abrigada num casarão construído em 1917, é na verdade um parque com uma enorme gama de atividades todas relacionadas ao laticínio e vivência de uma fazenda de ovelhas. Se mostra uma boa parada para quem faz o percurso com crianças. Na lojinha os visitantes podem comprar queijos, iogurtes, leite, doces, biscoitos, cosméticos, roupas e acessórios, tudo oriundo do universo ovino.

O Porão de Pedra – Preciosidades em pedra, a loja funciona no antigo porão Giacomini, hoje com um moderno interior, guardando utensílios decorativos e semi joias confeccionados com pedras do Rio Grande do Sul.

Casa da Tecelagem, propriedade anexa ao Porão de Pedra


O passeio segue e são muitos pontos de possíveis paradas, tudo varia de acordo com o gosto do visitante: Casa do Tomate, Casa do Mate, Casa das Pequenas Frutas, Casa dos Doces Pedrebon, Foto à moda antiga, Casa da Tecelagem, Vinícola Salvati & Sirena, Casa das Cucas... Além, é claro, dos restaurantes que estão no caminho: Casa Vanni – Espaço Gastronômico (muito bem recomendado), Nona Ludia e Gran Mangiar. Não deixe de almoçar tendo esse roteiro como cenário. 

A sensação após esse passeio é de ter passado um dia na Itália, depois de tantas histórias, paisagens e sabores, voltamos para casa e a única coisa que falta é um carimbo no passaporte. De resto, a experiência é completa.
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O roteiro Caminhos de Pedra fica aberto o ano inteiro. As lojas e pontos de interesse geralmente funcionam das 9h às 17:30h, podendo ter algum turno de folga ou parada para almoço. Algumas casas cobram uma taxa simbólica de visitação que varia entre R$3,00 e R$5,00 por pessoa. O site do roteiro é bem completo, com mapas e informações de todos os estabelecimentos e pontos, vale conferir.


Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

2 Comentários

  1. Lindo post e imagens maravilhosas, Rapha! Deu uma vontade monstro de subir a Serra, amanhã. Quem sabe...

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    1. Ah, que delícia poder aproveitar essa maravilha algumas vezes ao ano, Paula. Se você for mesmo, por favor, pare na Cantina Strapazzon e tome um copo de suco de uva por mim <3

      Um beijo :*

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