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Pernambuco | 10 motivos para amar o Recife

Sete meses. Esse foi o maior tempo que passei sem visitar a minha terra natal, o Recife. E dessa vez foi muito curioso voltar à cidade, agora que moro do outro lado do oceano. As 10 horas de voo que separam Frankfurt de Recife também separam realidades extremamente distintas, se aqui na Europa eu vivo numa bolha onde tudo parece estar no seu devido lugar, nem muito seguro, nem muito inseguro, nem muito quente, nem muito frio, nem muito salgado, nem muito doce, no nordeste do Brasil a sensação é que a gente desembarca na terra dos extremos. É bem verdade, minha cidade está maltratada, suja, feia e violenta pra cacete, mas ainda assim, é nela que me reconheço e reconheço os meus. E por isso, nunca desencorajarei nenhum turista a visitar o Recife. E ainda dou 10 motivos para isso:



1 - Praia – Sigo vivendo em lugares sem mar por perto. Primeiro foi São Paulo, depois Curitiba e agora, Stuttgart. Mas a vida no Recife pode ser boa e mais fresquinha se nos permitimos uns mergulhos na Praia de Boa Viagem. Sim, os tubarões estão lá, mas atente aos sinais (maré seca, água transparente e não ultrapasse os corais), que a chance é de dar tudo certo. Ali nas imediações do Posto 5 – em frente ao quiosque 15 – tem a Barraca do AD, super simples, mas dá para descolar umas cadeiras e guarda-sol, tomar um coco gelado e dar uns mergulhos. Lembre-se de levar só o essencial para a praia (dinheiro, documento, chinelo e o corpinho faceiro);

Cartão postal do Recife: Praia de Boa Viagem  

2 - Comida – A comida no Recife é um capítulo à parte. Ela é boa demais. Ela é farta. Ela é simples. E ela está por toda parte. Ir à praia e tomar cerveja é ótimo. Mas ir à praia, tomar cerveja e comer tudo o que passa na sua frente é melhor ainda: Ostra fresca, Caranguejo, Caldinho (coisa que só vemos nas praias de Pernambuco), Camarão, Queijo Coalho, Amendoim cozido (ou cozinhado, para os mais íntimos)... Os sorvetes de fruta também são uma perdição, podem apostar na Fri-Sabor que vocês vão adorar. Os sabores? Mangaba, Cajá, Tapioca e o maravilhoso Nata-Goiaba! O Bolo de Rolo, desde 2008 Patrimônio Imaterial de Pernambuco, é uma unanimidade. Ainda na linha dos doces e sobremesas, temos também a Cartola, banana frita, coberta com queijo coalho ou de manteiga derretido, polvilhada por uma fina camada de açúcar e canela... Se o bolo de rolo é Rei, a cartola é a Rainha. Já os pratos salgados... Em breve farei um post com dicas de restaurantes tradicionais no Recife, onde vocês provarão todas as delícias da cidade;

Não sei se é uma unanimidade, mas que o Bolo de Rolo é uma delícia, ah isso é! | Foto: ShutterStock

3 - Carnaval – Desde sempre um carnaval de rua e democrático, o carnaval do Recife preserva suas raízes e identidades através dos anos. Atualmente conhecido pelo carnaval multicultural, o Recife é palco de festas e encontros inusitados. É impossível não visitar a capital pernambucana nessa época do ano e não ser impactado pela folia que toma conta das suas ruas. Os acordes do Frevo, os tambores do Maracatu, o ritmo marcado do Caboclinho se espalham por blocos e bailes de renome, como é o caso do Galo da Madrugada, considerado pelo Guinness Book o maior bloco de carnaval do mundo;

Duvido você não se emocionar ao som de um Maracatu

4 -"Idioma" – Morando fora do Brasil o ouvido fica desacostumado para o português, às vezes é até divertido ouvir o idioma furtivamente entre os passantes, na rua. Só que mesmo morando no Brasil, em outras regiões que não a nordeste, a gente sente falta do nosso “idioma”, não que eu não goste de mano, daora, piá e japona, longe de mim... Mas é no OXE que a gente se reconhece. É reclamar dizendo: Que calor da bixiga! E todo mundo entender. É dizer: Vou lavrar. E o pessoal responder: Vá lá! É saber como é bom um “xêro no cangote”;

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Quem sabe, sabe! 


5 - Vizinhança – A vizinha mais ilustre de Recife é tão conhecida quanto a capital pernambucana. Aliás, chamar de vizinha é rebaixar o título de irmã, pois Olinda, 2 anos mais velha do que Recife, compartilha a mesma data de “nascimento”: 12 de março. Ambas as cidades tem suas fronteiras bem misturadas,  mas quem ultrapassa a divisa e chega à Cidade Alta, Patrimônio da Histórico e Cultural Humanidade, além de encontrar a tranquilidade que falta à irmã mais nova, Recife, tem uma vista espetacular do seu skyline. Um passeio pelo Sítio Histórico de Olinda é mandatório, assim como uma tapioca numa das bancas do Alto da Sé. E, se for época de carnaval, suba e desça ladeira como se não houvesse amanhã;

A tranquilidade de Olinda já é um convite, mas aí tem a vista do Recife que deixa tudo irresistível

6 - Música – Desde que o mundo é mundo Recife exporta música e músicos maravilhosos. Pode observar o nosso carnaval, é quase todo composto por artistas da terra, como convidados, somente aqueles que se identificam com a arte criada no estado. Foi no Recife que nasceu o movimento de contracultura Manguebeat, tendo como porta-voz Chico Science. Para mim, o grande representante da nossa música vai ser sempre Lenine e seu poderoso Leão do Norte. Da nova leva de músicos da cidade, vale ficar de olho na doce voz de Sofia Freire;

Revelação na música, Sofia Freire é mais um talento recifense | Foto: Flora Negri - Divulgação

7 - Mercados Públicos – Visitar os mercados públicos do Recife é uma imersão completa na cultura mais pura e íntima da cidade. É possível observar tipos e figuras que não serão vistos em nenhum outro lugar, um retrato do cotidiano que só aqueles mais bravos e dispostos conseguirão pousar os olhos sobre. No coração da cidade do Recife está o Mercado de São José. Inaugurado em 1875 e tombado pelo Patrimônio Histórico, ele é parte da identidade recifense. Nos seus boxes podemos encontrar de um tudo, do mais bobo souvenir, até o peixe mais fresco. Nos seus arredores está a feira-livre, ali conseguimos os insumos mais icônicos da boa mesa pernambucana. No pátio do mercado, estão as barracas que vendem de café da manhã a jantar non stop: guisado de boi, de frango, fígado, moela, charque e carne de sol, podem ser acompanhadas por inhame, macaxeira ou cuscuz (ou um pouco de cada). Um experiência intensa e inesquecível. A cidade ainda tem outros mercados tão interessantes quanto bonitos: Mercado da Boa Vista, Mercado da Madalena, Mercado da Encruzilhada e Mercado de Casa Amarela são alguns deles;

Mercado de São José: Para quem quer conhecer o Recife de verdade

8 - Arte – Recife ainda conta com um grande expoente das artes plásticas. Ir à cidade, deixar um pouco a praia de lado e seguir rumo ao bairro da Várzea, nas terras do Engenho Santos Cosme e Damião, onde fica a Oficina Brennand é dos passeios mais importantes a se fazer durante a sua estada no Recife.  Francisco Brennand, artista plástico mundialmente conhecido, tem na cerâmica o seu grande legado. No seu ateliê é possível entrar em contato com diversas das suas peças, mas também é possível  ver obras do artista recifense visitando o Parque das Esculturas a partir do Marco Zero do Recife. Também no bairro da Várzea está o Instituto Ricardo Brennand, eleito pelo Tripadvisor o melhor museu do Brasil. Apesar de dividirem o sobrenome, os primos não são lá muito chegados. O acervo do instituto é repleto de peças datadas entre os séculos XV e XXI que Ricardo vem colecionando há mais de 50 anos - Recife ainda tem outros museus incríveis, anota aí: Cais do Sertão | Paço do Frevo | Museu do Estado de Pernambuco | Museu do Homem do Nordeste | ;

Travessia para o Parque das Esculturas de Brennand no Recife Antigo | Foto: ShutterStock

9 - Arquitetura – Sei que detalhes podem passar despercebidos para quem dorme e acorda todos os dias no Recife, na correria do dia a dia, é pouco provável que se pare para perceber nuances arquitetônicas e influências do tempo da sua fundação. Mas o fato é que a capital pernambucana guarda (não tão bem preservados) tesouros nas suas ruas. São pontes, casarios, igrejas, fortes e prédios com centenas de anos de história. Alguns exemplos de como as referências arquitetônicas podem ser as mais variadas: Ponte Maurício de Nassau – primeira ponte do Recife | Inaugurada em 1644 pelo então Governador Conde Maurício de Nassau; Edifício Acaiaca, em Boa Viagem (1958) | Projetado pelo português Delfim Amorim, o prédio modernista tem forte inspiração na corrente corbusiana | Praça de Casa Forte (1934) remodelada a partir de um projeto paisagista de Roberto Burle Marx, tem o verde o os espelhos d’água como suas principais características;

Casario antigo da Rua da Aurora, às margens do Rio Capibaribe - Foto: ShutterStock

10 - Personalidade – Recife, assim como as outras capitais do nordeste, é uma cidade com bastante personalidade. Apesar de muita gente do Brasil achar que “lá pra cima é tudo igual”, quem nasce na porção nordeste do mapa sabe que não é bem assim. E Recife não seria diferente, a cidade tem sua identidade bem definida e, na medida do possível, bem preservada. Às vezes, as custas de muito protesto, pois querem por fim da força pasteurizar tudo. Recifense pode até ser megalomaníaco (quem nunca ouviu falar na maior avenida em linha reta do mundo?), mas ele sabe bem as pequenas particularidades que fazem do Recife um lugar único no mundo;


É linda demais: Parte do Recife vista de cima | Foto: ShutterStock

Ah, e mesmo que você não goste de quase nada disso aí em cima (o que eu acho um pouco difícil), mesmo que você não seja uma pessoa ligada em carnaval, sol, praia e cultura popular, Recife ainda vai te acolher. Porque essa cidade é tão massa que é possível coexistir com isso tudo numa boa. Vai por mim, o Recife é 10!




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Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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