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Roteiro | Um dia em Rotterdam

De uns tempos para cá Rotterdam vem figurando em diversas listas de tendência de turismo, quem consome esse tipo de informação certamente topou com a segunda maior cidade da Holanda em algum lugar. Inclusive aqui mesmo no blog, já que Rotterdam foi apontada pela Lonely Planet no seu Best in Travel 2016 como uma das 10 cidades para se visitar naquele ano. No entanto, ela nunca esteve no meu radar. Excluindo a lembrança da professora de história do ensino médio falando do seu majestoso porto, um dos maiores do mundo, e mais recentemente, do burburinho sobre a cidade em si, confesso que curiosamente Rotterdam não figurava na minha lista de destinos turísticos a conhecer. 


Casas Cubo e a Blaaktoren ao fundo: dois símbolos da arquitetura de Rotterdam

Com a montagem do roteiro do #RolêBeNeLux começou a parecer atraente incluir uma noite na cidade e bastou uma rápida pesquisa para decidirmos que sim, colocaríamos Rotterdam no nosso caminho.

Saindo de Amsterdam pela manhã, pegamos um trem regional na estação Sloterdjik e, como estamos na primavera, o percurso entre as duas cidades – que dura cerca de 1 hora – foi preenchido por imensos e vastos campos coloridos de tulipas e narcisos, sem dúvida o tipo de viagem que poderia durar muito mais, pois é um deleite para a vista.

24 horas em Roterdã

A própria estação central de Rotterdam já é um ícone da arquitetura. Inaugurado em 2014, seu imponente e moderno prédio faz questão de deixar claro que estamos na capital holandesa da arquitetura. Daí em diante, a cidade dá um show. Limpa, organizada e tranquila (vale salientar que chegamos a Rotterdam no feriado da sexta-feira santa, saindo de uma mega concorrida Amsterdam), parecia que havíamos chegado a uma espécie de maquete.

Contraste arquitetônico

Começamos nossa corrida contra o tempo o nosso passeio descendo na estação Blaak, que deixa você de cara com alguns icônicos pontos da cidade, como as Kijk Kubus e a Blaaktoren, carinhosamente apelidada de O Lápis, ambas projeto do arquiteto holandês Piet Blom. O design ambicioso e instigante das Casas Cubo dão um nó na cabeça de quem se depara pela primeira vez com elas, ali a gente fica um bom tempo tentando entender de vários ângulos como tudo aquilo funciona. Para quem tem tempo e quer se aprofundar melhor, em uma das 38 moradias convencionais funciona o Museu KubusWoning onde existe uma casa montada pronta para visitação (aberto todos os dias das 11 às 17 e custa 2,50 euros por pessoa).


As Casas Cubo intrigam os visitantes - são 38 residências e uma área comercial no térreo

Witte Huis, o prédio que já foi considerado o mais alto da Europa


Passado e presente convivendo em harmonia, isso é Rotterdam

Esses exemplares da modernidade foram construídos nos anos 80 e estão bem próximos ao Oude Haven, o porto antigo de Rotterdam, que data do século 14. Ali, na outra margem do porto, está o Witte Huis (em tradução livre Casa Branca) construído em estilo art nouveau em 1898. Por causa dos seus 10 andares, a criação de Willem Molenbroeck ficou conhecida na época como o primeiro arranha-céu da Europa e um dos poucos prédios do centro de Rotterdam a sobreviverem à Segunda Guerra. Para fechar harmônica e deliciosamente a porção arquitetônica do nosso roteiro (mentira, ela nos acompanha por toda a visita), voltamos às imediações da estação Blaak, onde fica o suntuoso prédio do mercado central de Rotterdam.

Onde arquitetura e gastronomia se juntam

Markthal é um complexo que abriga 96 bancas, 20 restaurantes, 228 apartamentos e 1.200 vagas de estacionamento. Essa obra-prima da arquitetura nos deixou de queixo caído durante toda a nossa visita. Quem conhece o blog sabe que adoramos uma passada num mercado, seja para comprar insumos, seja para fazer uma refeição, se a cidade tem um mercado, nossa ida é certa. Mas o mercado coberto de Rotterdam está na categoria de mercado porque ainda não inventaram um nome novo para aquilo tudo.  Feito em pedras naturais e muito vidro, seu exterior em formato de ferradura guarda um colorido e cheiroso interior. Não esqueça de olhar para o teto do prédio ao entrar! Há quem a chame de Capela Sistina de Roterdã tamanha a obra de arte. 


O maravilhoso prédio do Mercado de Rotterdam, o Markthal

Dentro do mercado encontramos de tudo um pouco, viajamos por vários países de uma banca para outra

O teto do Markthal é deslumbrante. Tente não ficar de queixo caído

Andalus Fish: Comida fresca, bonita e gostosa dentro do mercado de Rotterdam

Repleto de opções gastronômicas, foi preciso percorrê-lo de ponta a ponta para escolher onde comer. São diversas as possibilidades, desde restaurantes conhecidos como o Jamie’s Italian, passando por comida oriental, café brasileiro, casas de carne e confeitarias. Almoçamos no Andalus Fish, banca especializada em peixes e frutos do mar, com um terraço no andar superior. Comida farta, fresca e bem gostosa. Para adoçar o passeio, provamos os doces deliciosos da Unit 76. Satisfeitos porém tentando digerir toda essa introdução a Rotterdam, partimos para uma caminhada pela zona romântica do Museumpark.

Parque Urbano e um Cartão-Postal

O parque recebeu esse nome por estar localizado perto de uma boa quantidade de museus da cidade. Não tivemos tempo de visitar nenhum, mas certamente o Het Nieuwe Institut – Museu para Arquitetura Design e Cultura Digital – receberia minha atenção, além do Het Natruurhistorisch – Museu de História Natural. Mas se o intuito for só passear, a região é agradabilíssima. Na primavera, então, dá para ver as cerejeiras tingindo todo o caminho. É amigos, nem só de tulipa vive a primavera holandesa. Dali do parque é possível pegar o tram que vai até um dos mais conhecidos cartões postais de Rotterdam: a Ponte Erasmus. A minha sugestão aqui é atravessar os seus pouco mais de 800 metros de comprimento caminhando e voltar de bonde. São duas as linhas que passam por cima da  Erasmusbrug.


São vários os museus nessa região da cidade, mas quem não tem tempo (ou não gosta) vale o passeio no parque

Por cima da Erasmusbrug passa pedestre, ciclista, carro e bonde

Um pouco de clássico não faz mal a ninguém

O dia em Rotterdam estava perto de acabar, assim como nossa energia, mas ainda reunimos forças para ver um pouco do que conhecemos por um cenário tipicamente holandês. Para nossa surpresa, essa moderna metrópole guarda um pedacinho pitoresco da sua história antiga. Com origem em 1389, hoje, os prédios da área histórica de Delfshaven, abrigam galerias de arte, cervejarias artesanais, bares de gin, cafés e restaurantes. Um passeio pelas margens do canal nos leva até o Molen de Distilleerketel, um antigo moinho da cidade. Uma viagem no tempo para quem se viu em meio à tanta modernidade até poucos minutos atrás.


Delfshaven: história preservada em Rotterdam

Depois de tanta modernidade, um cenário tipicamente holandês pra acabar o roteiro em Rotterdam

Essa última parte do nosso roteiro por Rotterdam foi a mais afastada do centro da cidade e dos demais pontos de interesse, mas para nós, fez total sentido incluí-la, pois assim visualizamos o tamanho do contraste – e aqui não falamos só de arquitetura –, que cabe numa cidade instigante como essa. Ao embarcar no trem com destino a Bruxelas – depois de muitos problemas nos trens da Holanda e da Bélgica – escutei um casal de espanhóis falar ao telefone com amigos. Eles diziam meio desapontados: “Rotterdam é ok, não tem muito o que ver...”. Fiquei me perguntando se essas pessoas tinham estado na mesma cidade que eu. Respondo: Definitivamente, não.


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Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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