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Lituânia | 24 horas em Vilnius

É bem verdade que, quando falamos de Europa, os países Bálticos não figuram no rol dos mais visitados e, possivelmente, não estão no imaginário de muita gente. Mas depois de visitar à exaustão as capitais europeias mais concorridas e disputadas, achamos por bem marcar uma viagem por lugares que sempre tivemos curiosidade em visitar, mas nunca havíamos parado para focar nossos esforços em montar um roteiro legal e pensar na melhor combinação de viagem. Enquanto a gente encontra até sem nem querer conteúdo dos mais diversos sobre Paris, Londres, Roma e Amsterdam, quando falamos em Vilnius, Riga e Tallinn a coisa fica um pouco mais difícil, mas não impossível. 



Fizemos um roteiro de um dia para cada uma dessas cidades, testamos, adaptamos e agora compartilharemos com vocês as nossas 24 horas nas capitais dos países Bálticos.

Do aeroporto de Vilnius ao centro da cidade

Começamos nossa viagem por Vilnius, capital da Lituânia, o mais populoso dos três países visitados,  à nossa vista, nos pareceu o mais humilde deles. Deixamos o aeroporto, que fica num prédio antigo bem bonito e seguimos para o centro da cidade. Para isso, fizemos uso do Airport Shuttle, micro ônibus que faz a ligação entre a rodoviária de Vilnius – nas imediações da estação central – e o aeroporto a cada 20 minutos e custa apenas 1 euro o trecho por pessoa.  Não foi necessário comprar passe de transporte público para percorrer as ruelas do centro histórico, pois tudo o que pode ser visitado em 24 horas em Vilnius, dá para ser coberto a pé – entre idas e vindas andamos cerca de 17km. 


Ligação expressa entre o aeroporto de Vilnius e o centro da cidade por 1 euro o trecho
Guarda-volumes na rodoviária de Vilnius, capital da Lituânia
Vilnius,  Arte de Rua e Gastronomia

Após deixar as malas no guarda-volumes (1,50 por peça) da rodoviária – que fica nas cercanias da plataforma 22, seguimos em direção à rua Pylimo para nos deparar com street arts icônicas. Ali estão o famoso beijo entre Trump e Putin, além de grandes murais dos artistas de rua brasileiros, OsGemeos, e do italiano, Millo.  A cena de arte de rua está tão bem integrada à cidade, que o próprio site do turismo de Vilnius disponibiliza um mapa on-line para aqueles viajantes que querem ver os trabalhos mais representativos. É só baixar e sair caçando intervenções urbanas das mais diversas. 


Mural do artista italiano Millo em frente ao Mercado na rua Pylimo
A arte de rua presente nas paredes da capital lituana 
O colorido interior de um dos mercados mais antigos do país
Vale a visita ao mercado de Vilnius
Seguindo a caminhada ainda pela rua Pylimo, chegamos ao Mercado Central de Vilnius, o Halės Turgavietėconstruído em 1906, é um dos maiores e mais antigos mercados da cidade. Ali a gente se deparou com cenas do dia-a-dia, com locais comprando insumos, produtos frescos e característicos da região. Decidimos nos arriscar e provar um suco de uma das bancas e demos muita sorte. Mesmo que você não fale lituano, russo ou polonês, a cordialidade vai ser o idioma comum e tudo vai dar certo. 


Rua Literária, em Vilnius, uma mural ao ar livre com homenagens feitas por artistas lituanos
De lá fomos até a Literatų gatvė, já dentro do que pode ser chamado centro histórico de Vilnius. Conhecida como a rua literária, ela foi casa do poeta Adam Mickiewicikz no século 19 e, em 2008, por iniciativa de artistas do país, as paredes dessa rua viraram um mural ao ar livre ganhando vários objetos em homenagem aos literatos. Um instalação muito interessante. 

Pontos turísticos tradicionais de Vilnius

Percorrendo o centro histórico - conhecido por ser o maior e mais bem preservado centro histórico da Europa e declarado Patrimônio da Humanidade em 1994 - até chegar a margem do rio Neris estão os prédios e principais pontos turísticos tradicionais de Vilnius.  Entre eles o prédio da Universidade (Vilniaus Universitetas), da prefeitura da cidade (Vilniaus rotušė), Igreja de São João (Vilniaus Šv. Jono Krikštytojo), Catedral de Vilnius, Palácio dos Grandes Duques da Lituânia, além da imponente Igreja de Santa Ana e um dos cartões postais da capital da Lituânia, a Torre de Gediminas. A subida até a torre, desde 2003, é feita através de um funicular. Lá de cima dizem que temos uma das vistas mais bonitas da cidade. Infelizmente, desde novembro do ano passado, o lugar encontra-se fechado para reformas. 


Gedimino pilies bokšta: cartão-postal tradicional de Vilnius
Fachada do Palácio Presidencial com instalação em comemoração ao centenário da independência dos países Bálticos
Símbolo de Vilnius, a St. Anne's Church em estilo gótico, é impressionante
Catedral Basílica de Vilnius quase às margens do rio Neris
Artesanato típico lituano
Outro lugar para se ter uma vista panorâmica da cidade é no topo do Monte das Três Cruzes (Trys kryžiai), mas também não fomos até lá, o tempo era escasso para ir nessa porção mais afastada de Vilnius. Mas nem por isso deixamos de ver a cidade do alto. Para tanto, seguimos até as imediações do Bastião de Vilnius (Vilniaus gynybinės sienos bastėja), uma fortificação construída na primeira metade do século 17,  de onde é possível ter uma vista bonita dos telhados do centro histórico de Vilnius. A cidade ainda conta com dezenas de museus que o viajante pode adicionar à visita dependendo do objetivo e da duração da sua viagem. 


Vendo Vilnius de cima do monte de bastião
Ônibus elétricos característicos do transporte público de Vilnius
Neris, o rio que corta a capital da Lituânia
Vilnius não convencional: Užupis, onde todo mundo tem o direito de não ter medo

Entre prédios históricos e ruelas está a República de Užupis, um bairro boêmio e artístico de Vilnius. Guardadas as proporções, por causa de suas características, o bairro é eventualmente comparado a Montmartre, em Paris. Com moeda, bandeira, presidente e constituição próprias, a república declarou independência coincidentemente (ou não) no dia 1º de abril de 1997, comemorando a data até hoje. Na rua Paupio é possível ler a constituição Užupis e seus 41 artigos traduzidos para vários idiomas – em julho de 2018 haverá a tradução em português. O bairro guarda algumas preciosidades, como a sereia esculpida em bronze por Romas Vilčiauskas, artista plástico morador da república e responsável também pela escultura do anjo com o trompete. Um ex-prefeito de Vilnius também é um ilustre morador desse bairro plural da cidade. 


A parede com as traduções da bem humorada constituição da República de Užupis 
A estátua do anjo com trompete na principal praça de Užupis
Užupis significa "lugar além do rio" e a sereia de bronze é um dos seus símbolos
Cozinha típica lituana, cafés e cervejas

Como nosso roteiro é só de 24 horas, tentamos fazer apenas três paradas estratégicas e acertadas na capital lituana. Primeiro, para provar os sabores do país, nos deliciamos num almoço no tradicional Lokys. O restaurante serve pratos da cozinha lituana desde 1972, mas o prédio onde ele funciona foi construído em meados do século 15. Lá provamos salsicha de carne de caça, codorna, cerveja lituana deliciosa chamada Kurko Keptinis, além da surpreendente sopa fria de beterraba com batatas. Refeição digna de monarcas a um preço bem módico (45 euros). 


Šaltibarščiai, a linda e gostosa sopa fria de beterraba lituana
Já no meio para o fim do nosso passeio, achamos que se fazia necessário um café para esquentar a alma (os termômetros marcavam -1 graus e a sensação térmica chegava a seis graus negativos) e um docinho. A subida até o bairro Užupis vale o esforço quando provamos o croissant recheado com creme e amêndoas da Thierry Kepykla, uma padaria com pegada francesa e precinho camarada. Pedimos três doces e um café grande e a conta não atingiu os 7 euros. Continuamos o passeio felizes. 


Cerveja belga no bar Bukowski em Vilnius
Para fechar, brindamos o sucesso do passeio por Vilnius tomando uma cerveja belga no Bukowski Bar, um must go entre os locais. Tá certo que visitamos meio fora da hora de pico, então tivemos o bar só pra gente por cerca de 1 hora. Não comemos nada por lá,  mas dizem que eles servem hot dogs deliciosos e a coisa ferve mesmo mais tarde da noite. De qualquer forma, fica aqui a dica de um bar descolado na cidade. 

Dá  para fazer bastante coisa com 24 horas em Vilnius. À medida que o verão se acerca, e os dias vão ficando mais longos e quentinhos, é que fica mais gosto ainda de descobrir essa cidade charmosa. Uma curiosidade que soube só enquanto pesquisava para montar nosso roteiro, é que a capital da Lituânia tem uma excelente localização e é ponto de partida para passeios de balão que cruzam o céu da cidade em dias de tempo bom. As saídas acontecem duas vezes no dia, logo após o sol nascer e antes do pôr do sol. E agora eu não vejo a hora de voltar a Vilnius e, assim, voar de balão pela primeira vez na vida! 


Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

1 Comentários

  1. Definitivamente Vilnius (e o restante dos bálcãs) estão na minha wish list.

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