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Wadi Rum: Visitando um deserto pela primeira vez

Quando fomos ao Marrocos, em 2019, eu quis muito esticar nossa viagem para passar uma noite no deserto, mas seria muito corrido, não funcionaria em apenas 4 dias em Marrakech, então desistimos dessa aventura. Mas a ideia de visitar um deserto ficou ressoando na minha cabeça todo esse tempo, e no minuto que confirmamos nossa passagem pela Jordânia, mais do que Petra e Amã, eu sabia que queria mesmo era conhecer o deserto de Wadi Rum. Iniciei uma pesquisa para saber como a gente poderia visitar O Vale da Lua, como também é conhecido esse deserto, se dava para dormir lá, enfim, como é a dinâmica de turismo na região de Wadi Rum. 

A paisagem desértica de Wadi Rum é fascinante

A imensidão do deserto de Wadi Rum, na Jordânia

É impossível não se encantar pelos camelos e dromedários comuns na região

A selfie no deserto que a gente respeita


Dormindo sob as estrelas no Vale da Lua

Como a gente achou melhor passar uma noite em Petra para poder começar cedo a trilha Back Entrance que fizemos, resolvemos não passar a noite no deserto. Mas as opções de pernoite são as mais variadas, desde acampamentos simples, típicos beduínos, onde se dorme em tendas, até aqueles mais pomposos quartos-bolha, com aspecto futurista, sabe? Pesquisando sobre essas opções de hospedagens no deserto de Wadi Rum eu li muitos relatos de turistas decepcionados, que reservaram e, quando chegaram lá, não era bem o que eles haviam reservado. Então é preciso ser muito cuidadoso ao reservar um hotel/acampamento por lá. E uma dica: o preço pode ser um indicativo: não espere encontrar “luxo” pagando uma pechincha. 

Exemplo de acampamento beduíno, hospedagem típica de Wadi Rum

O que fazer no deserto de Wadi Rum, Jordânia 

Achamos, então, que seria suficiente fazer um Jeep Tour no deserto, a forma mais comum de explorar a região. Acordamos com o fornecedor do passeio que nosso pick-up seria na fronteira terrestre de Israel com a Jordânia, em Aqaba, de lá seguiríamos para a Wadi Rum Village, onde começaria o passeio propriamente. Ainda nos foi oferecida a opção de incluir um almoço por um valor adicional e, posteriormente, um transporte até Petra, onde passaríamos a noite. Dentro do tour de 4 horas pelo deserto de Wadi Rum, além de passar por cartões postais desse lugar fantástico como o Small Rock Arch, o Um Fruth Rock Arch, além das dunas de areia, ainda era possível incluir alguns extras: sandboard (gratuito) e 1 hora de passeio de camelo (pago a parte), mas reforço que a gente não incentiva a exploração animal pelo turismo. Tudo isso ficou por JOD 115 para duas pessoas. 

Um visita ao Vale da Lua pode envolver caminhadas e escaladas

Muitos turistas optam por explorar a região de Wadi Rum em cima de camelos/dromedários

Chamam de Vale da Lua, mas poderia ser Marte também

Visitando o Vale da Lua na Jordânia 

Com tudo resolvido, chegou o dia e nós estávamos na fronteira no local e hora marcados, mas nosso transfer não estava lá. Demorou um tempo até conseguirmos contato (por sorte estávamos o tempo todo conectados usando nosso eSIM), logo o mal entendido foi contornado e nosso motorista chegou. Um eloquente morador de Aqaba fez a viagem até Wadi Rum passar num piscar de olhos. Conversou bastante, falou orgulhoso da filha médica, de uma vida como motorista cruzando as estradas da Jordânia, parou para fazer sua oração à Alá e tomar um café. Descobrimos que os muçulmanos rezam 5 vezes ao dia, mas que se a pessoa estiver ocupada trabalhando, impossibilitada de fazer uma pausa numa das horas dedicadas às orações, Alá perdoa essa falta, mas se você tem passageiros amigáveis, não tem pra que faltar, não é? 

A caminho de Wadi Rum, todo percurso é um grande deserto

Valores de visitação de Wadi Rum em 2023

Já no Visitor Center de Wadi Rum não foi preciso pagar pela entrada, pois já estava contemplada pelo Jordan Pass. Seguimos, então, até a sede da empresa de turismo (leia-se a casa do guia do tour pelo deserto), onde começou o nosso passeio pelo Vale da Lua, em Wadi Rum. Antes de subir na caçamba do 4x4 e sair para o nosso safári no deserto, temos mais uma amostra da hospitalidade local: chá de menta fresquinho de boas-vindas sentados no tapete da sala de uma típica construção beduína. 

Chá de boas-vindas

As portas do deserto de Wadi Rum, Jordânia

Onde está Wally? 

A palavra beduíno vem do árabe bedwa, que significa morador do deserto. E só um deles para nos levar deserto adentro com propriedade (mais na frente descobriríamos o porquê). Organizados e bem acomodados, o jipe foi deixando para trás a pequena vila e ganhando a imensidão do deserto que se descortinava nossa cara. Parecia até que faltavam olhos para ver tudo aquilo que ia aparecendo bem em frente. Uma paleta de cores que a gente não está tão acostumado assim, pelo menos eu não estava. Um mar laranja cresceu na minha frente, ora com areias rosa coral, ora vermelho profundo, passando por amarelo dourado e chegando ao branco brilhante, foram muitos tons incríveis. 

Uma tempestade de areia (ou os clichês do deserto) 

Já na primeira parada, descobrimos com o nosso guia que a visita ao deserto não seria como as outras. No horizonte, ao longe, ele observou que uma tempestade de areia de aproximava de nós. Mas Eid, o guia – cujo pai foi um dos primeiros beduínos a apresentar a região para turistas –, anunciou com toda tranquilidade do mundo o que, para nós, era uma GRANDE NOVIDADE. “Como assim uma tempestade de areia?” nós o questionamos no misto de preocupação e excitação. Ao que ele nos respondeu com a maior naturalidade possível: “vocês têm com o que cobrir o rosto?”. 

Ainda tentando entender o que seria viver uma tempestade de areia

Em uma das breves folgas que a tempestade de areia deu pra gente

Prontamente pegamos o que havia disponível nas nossas mochilas, cobrimos o que foi possível e subimos no jipe para seguir o passeio. Desistir não era uma opção. Claro que no fim o tour pelo deserto foi impactado, pois na pausa que estava programada para o almoço, Eid perguntou se queríamos que ele procurasse um lugar mais abrigado da areia ou se preferíamos comer na casa dele. Escolhemos seguir para a casa dele e lá desfrutamos de um almoço simples, mas gostoso, além de tomar mais um chazinho. 

A visibilidade fica comprometida com a tempestade de areia (tem uma montanha nessa foto)

Almoçando em segurança em Wadi Rum

Nessa ocasião nós pudemos ver de perto o motivo pelo qual esses passeios só podem ser conduzidos por pessoas que conhecem a região. Uma tempestade de areia, dependendo da sua intensidade, reduz a visibilidade rapidamente, o que pode ser perigoso, causando acidentes e, principalmente, levando as pessoas a se perderem no meio do deserto. Levando tudo isso em consideração, ainda que seja algo que ocorre com certa frequência no Oriente Médio, Norte da África e partes da Índia, e possa atrapalhar e muito o passeio, sobretudo se você só tem um dia nesse lugar, a tempestade de areia que pegamos em Wadi Rum transformou nossa experiência, que eu sei que seria boa, em algo inesquecível. Além de ver camelos e paisagens dignas de outro planeta (vi umas imagens de Marte esses dias e Wadi Rum é muito parecido), topar com esse fenômeno da natureza no nosso caminho foi um belíssimo clichê do deserto. Sigo maravilhada até hoje com tamanha sorte. 

❗❗❗ Atenção: o passeio consiste em o tempo todo subir e descer da caçamba da caminhonete, subir e descer dunas, andar por trilhas, por pedras, por terrenos acidentados, então não é um tour para quem tem mobilidade reduzida ou quem não está acostumado com passeios que exigem algum preparo físico, para esses casos, acho que existem outras opções de passeios para ver o deserto de perto.



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Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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