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36 horas em Florença

Como eu disse no texto de introdução dessa viagem, quando fui a Florença pela primeira vez ainda não tinha maturidade suficiente para morrer de amores pela cidade. Portanto, a capital da Toscana em 2007 foi só mais um ponto de parada. No fim do ano passado tive a oportunidade de retornar à cidade e, aí sim, me encantar de vez com tanta história e tanto charme.

Chegando à estação de trem S.M. Novella já no fim de uma tarde de outono, só nos restou observar o pôr-do-sol da janela do nosso hotel e, com a noite já instalada, enfrentar o frio em busca de algum restaurante para comer em Florença. Nossa primeira parada foi no Il Vinaino, uma osteria simpática não muito longe do hotel. Ela ainda estava fechada, mas um cartaz dizia que às 19h ela voltaria a abrir, resolvemos esperar já que a situação dos outros restaurantes das redondezas era semelhante. Eles não foram pontuais, mas espera valeu a pena. Fomos bem atendidos, provamos um bom Chianti – vinho típico da região toscana –, comemos uma boa e suculenta mozzarella com prosciutto, tudo isso com muito pão e azeite, só para começar. O cardápio do restaurante não era muito extenso, o que facilitou a nossa vida, e continha boas opções de massas, frescas, inclusive. Todos os pratos pedidos estavam muito bons, mas a grande estrela da noite foi o Nhoque fresco ao Molho de Gorgonzola e Aspargos. Se eu fechar os olhos ainda consigo lembrar da sensação que tive ao provar essa maravilha. O ambiente é aconchegante, os pratos de massa não são muito caros (por volta dos 8 – 10 euros), carta de vinho boa e honesta, bom para quem busca um lugar típico e barato pra comer em Florença.

Pôr-do-sol visto da janela do hotel


Bar do Il Vinaino, uma opção para quem não quer pagar caro em Florença

Melhor Gnocchi EVER

Começamos o dia seguinte enfrentando uma gelada manhã, mas nos deslumbrando a cada esquina. Como havíamos comprado o ingresso da Galeria Dell’Accademia ainda no Brasil a fim de fugir das filas, tínhamos horário marcado para chegar ao museu. Todo o trâmite no site é bem simples, o preço do ingresso fica em torno dos 10 euros por pessoa + a taxa de reserva (que no final nem precisava ter pago, uma vez que a fila pra entrar não tinha mais do que 10 pessoas). De qualquer forma, se você é daqueles que não aceita deslizes no roteiro, compre seu ingresso com antecedência. Caso você tenha mais dias na cidade, veja se não vale a pena adquirir o Firenze Card.

Florença: Muitas possibilidades

Intervenções - Garotas boas vão para o bar? :)

Uma vez dentro da Galeria Dell’Accademia, de frente para o David de Michelangelo, o preço do ingresso se torna irrisório. O acervo é riquíssimo e vale passar umas boas horas lá dentro. Saindo do museu seguimos em direção ao Duomo de Firenze para entrar na grandiosa Catedral di Santa Maria del Fiore, não sem antes nos deparar com uma Porta del Paradiso quase sem concorrência –  claro, se compararmos com a quantidade de visitantes do verão.  Ainda do lado de fora, perca um tempinho observando a riqueza de detalhes das construções ao seu redor, elas são resultado de 6 séculos de trabalho. A entrada na Basílica é gratuita, caso queira subir na cúpula (463 degraus sem elevador) é necessário adquirir um bilhete.

Parte do grandioso Duomo di Firenze

Dentro da Catedral Santa Maria del Fiore 

Afrescos da imponente cúpula do Duomo

Seguindo pela Via Dello Studio, rua estreitinha de onde conseguimos ver parte do imponente Duomo, um estabelecimento bonitinho chamou nossa atenção. Era o I’Mangiarino, um wine bar com pinta de mercearia, embutidos, pães e queijos expostos em um ambiente mais do que convidativo. Foi o momento certo para fazer uma pausa no passeio, pedir um litro de vinho da casa – sempre muito gostosos, diga-se de passagem –, e um (muito bem servido) prato de queijos e embutidos, com pão e azeite, obviamente. Tão bom que não vimos a hora passar, ou melhor, acho que nem queríamos que ela passasse. Esse wine bar em Florença é bom para ir a dois ou com mais um casal de amigos. O ambiente não é muito grande, o preço é bem honesto e os pratos de massa que eu vi serem servidos pareciam muito apetitosos. Nós ficamos só nos frios e vinhos. Perfetto!

Pelas ruas de Florença

Fachada da Vineria / Wine Bar I'Mangiarino

Prato com queijos e embutidos

Energias repostas, seguimos pelas charmosas ruas de Florença até chegarmos à Piazza Della Signoria, praça central de Florença, que pela proximidade com o rio Arno e a Ponte Vecchio, está sempre povoada de turistas. Essa parada abriga algumas construções importantes, como o Palazzo Vecchio – atualmente sede da prefeitura de Florença –, com suas estátuas (réplicas) de célebres trabalhos de Michelangelo e Donatello. Vale ressaltar que as estátuas originais, hoje alocadas em museus e galerias, um dia estiveram nos lugares das réplicas que vemos atualmente. Ainda na praça encontramos a Loggia dei Lanzi/Loggia della Signoria, uma construção que data do século catorze e abriga inúmeras esculturas, dentre elas a mais famosa (e bonita), Perseo che decapita la Medusa, de Benvenuto Cellini, esculpida em bronze, em 1554.

Palazzo Vecchio na Piazza della Signoria

Perseu com a cabeça de Medusa - Trabalho de Benvenutto Cellini

Ponte Vecchio sobre o rio Arno, cartão-postal de Florença

A uma curtíssima caminhada da Piazza já chegamos às margens do Arno, rio que junto com a Ponte Vecchio, formam o mais famoso cartão-postal de Florença. A ponte, que sempre foi um ponto onde comerciantes colocavam seus produtos em exposição, até hoje segue a tradição. De um ponto a outro, de ambos os lados, joalherias disputam a atenção de quem passa por ali. Se é para o seu bico, desacelere e faça umas comprinhas.  Se não, fique hipnotizado com tamanha riqueza que reside nos seus quase 100 metros de extensão, e dê continuidade ao passeio.

Do outro lado da Ponte Velha está o Palazzo Pitti, construído em 1458 para ser a morada do banqueiro Luca Pitti, foi vendido e abrigou diversas famílias de sobrenomes imponentes e importantes. Foi também base militar para Napoleão Bonaparte e, por um curto período, morada oficial dos reis da Itália. Hoje em dia o Palácio abriga museus e galerias de destaque na região.

Ponte Santa Trinita vista da Ponte Vecchio

Palazzo Pitti

Atravessando a ponte novamente, caminhamos até a Via Del Corso, endereço certo para quem quer fazer compras em Florença. Chegando à região da Piazza della Repubblica a oferta de lojas aumenta, vai das fast fashions queridinhas, H&M e Zara, até as italianas poderosas, Giorgio Armani, Prada, Miu Miu, Dolce & Gabbana, Missoni, Roberto Cavalli... Enfim, agrada a gregos e troianos. Se você é dos nossos e gosta de comprar um cosmético/lembrancinha diferentes, procure pelos sabonetes Nesti Dante, fabricados na cidade, são uma excelente opção de souvenir não convencional.

Compras em Florença - Vá na Via del Corso

Na Via dei Tavolini, 19, ainda na região do burburinho de Florença, funciona desde 1938 a sorveteria Perché No!, especializada em gelato artigianale. Essa sorveteria figura na lista das 25 melhores sorveterias do mundo, uma ótima dica de onde tomar um sorvete em Florença. E foi em meio aos mais variados e deliciosos sabores: caqui, pistache, baunilha especial, nozes e outros que não me lembro mais, que o nosso proveitoso dia em Florença acabou.

Para tomar o tradicional sorvete italiano em Florença: Perché No! 

Na manhã seguinte, antes de partir para a estação S.M. Novella, resolvemos aproveitar o dia ensolarado para conhecer o belíssimo Mercato di San Lorenzo, também conhecido como o Mercado Central de Florença. Um prato cheio, com o perdão do trocadilho, para quem curte cozinhar e aprecia o ritual de fazer boas compras para oferecer uma boa mesa. Visitar esse mercado nas últimas horas em solo toscano só fez o arrependimento bater mais forte por não ter mais tempo na cidade, tampouco não ter alugado um apartamento e assim, ter a “minha” cozinha por uns dias. De lambuja, ainda vimos a Basílica de San Lorenzo. Nos arredores do mercado tem uma feirinha bem legal com diversos artigos em couro, sabendo garimpar dá pra conseguir uns achados. Ah, não deixe de negociar e barganhar, nunca pague o preço da etiqueta. Depois não diga que eu não avisei!

Mercato di San Lorenzo, o Mercado Central de Florença

Preparo para a Sopa Toscana

Vinho clássico da região toscana: Chianti 

E assim se passaram lépidas 36 horas em Florença. Para mim, foi como tomar uma boa taça de vinho, prazeroso e muito reconfortante. Ainda bem que a gente cresce e amadurece, enquanto em 2007 eu não via a hora de ir embora. Em 2013, não queria partir.

Serviço



Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

8 Comentários

  1. Rapha, brigaduuu pela citação do Turo :)

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    1. Imagina, Pat. Você tem um material completíssimo da cidade! É um prazer citá-la :*

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  2. Adorei o post! Estamos indo para lá em Março e também ficaremos só dois dias! Caiu como uma luva. Obrigado!

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    1. Que bom, Wesley! Depois volta aqui pra contar como foi :) Boa viagem!

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  3. Favoritadissimo para nossa estada em abril!!! Show de bola! Bjo!

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    1. Repetindo o conselho dado no twitter: Se der, fique mais do que 36 horas. Florença merece ser degustada com calma :)

      Beijo!

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  4. Adoreeeeeeeei este post! Simplesmente fantástico! A forma como vc descreveu , a riqueza de detalhes e a objetividade para 36 horas, fez minha viagem que está aparentemente distante, se tornar próxima e com muita água na boca! AUGURI!

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