Trending

Islândia | Caçando a Aurora Boreal

Desde o primeiro momento da confirmação da viagem à Islândia, além de ver baleias, eu queria ver a Aurora Boreal. Entre as pesquisas já sabia de antemão que Whale Watching nessa época do ano – começo de outubro – não era tão recomendável. Já as Northern Lights (como é chamada a Aurora Boreal aqui pra essas bandas), estavam dando as caras lindamente desde o fim de setembro.

Qual a melhor época do ano ver a Aurora Boreal na Islândia?

Descobri, ainda, que ver o fenômeno depende de vários fatores, da atividade solar, do céu limpo e, principalmente,  da ausência de luz. Mas a Islândia, entre maio e agosto, tem dias muito longos, tão longos que existe outro fenômeno por lá: o sol da meia-noite. Pois é, entre a primavera e o verão, o astro-rei quase não se põe. No entanto, no começo do outono em diante os dias no país vão ficando rapidamente mais curtos e escuros. E a noite, consequentemente, mais longa. É a partir do fim do mês de setembro que já se começa a avistar a dança das luzes no céu e essa festa segue até o fim de abril. Como estamos falando de fenômenos da natureza é bom frisar que mesmo com fatores alinhados, bastou nublar para que se comprometa a caçada e seu resultado.

Sonho realizado: Vendo a Aurora Boreal na Islândia

Já tinha ouvido falar que Tromsø, na Noruega, o norte do Canadá, Alasca e outros lugares do hemisfério norte que seriam propícios para avistar a Aurora Borealis e eu tinha uma leve noção de que a Islândia era um bom lugar no mundo para vê-la também, mas nunca imaginei que teríamos tanta sorte. Desde o momento antes do pouso no país, mais duas vezes em terra, até o voo da volta, essas luzes verdes encantadoras nos acompanharam. No total, em 4 dias de Islândia, no começo de outubro, vimos a Aurora Boreal 3 vezes.

Tour fechado para ver a Aurora Boreal ou caçar por conta própria?

Como disse no post de dicas práticas, fizemos todos os passeios com agências de turismo islandesas. O tour da Aurora Boreal é dos mais sensíveis, pois se não houver condições de tempo favoráveis, ele nem sai. Para ir me acostumando com o clima da Islândia, além de acompanhar o aplicativo do tempo – para saber se teríamos céu limpo no dia –, baixei o app Aurora, para saber a intensidade da atividade e em qual ponto do mapa ela estava. Esse aplicativo manda atualizações quando há atividade na sua localização e avisa: Se o céu estiver limpo você poderá ver a Aurora na próxima hora. Acho que até dá para caçar por conta própria, mas confesso que, sendo iniciante, não saberia muito para onde ir. Também sei que em dias de sorte não é preciso deixar Reykjavík para avistá-las, no entanto, as luzes fortes da cidade podem comprometer um pouco o espetáculo.

Aurora tímida e eu ainda me entendendo com a câmera e as fotos noturnas

Nosso tour com a BusTravel Iceland partiu na hora certa no domingo, às 22h, rumo ao que acredito ser os arredores de Sellfoss. Acompanhando o aplicativo dava para saber que era mais ou menos nessa região que ela “apareceria”.  A todo momento durante a viagem, no entanto, a guia frisa que estamos indo ver um fenômeno da natureza e que pode ser que a gente não veja, mesmo o tour tendo cerca de 85% de aproveitamento. Além de informações práticas, a guia do nosso passeio tem um super trabalho de entretenimento, contando histórias, lendas, cantando canções tradicionais islandesas e falando sobre aspectos culturais do país. Sem dúvida ela trouxe um pouco de calma à excitação do passeio. Depois de cerca de 1 hora de estrada fizemos a primeira parada. Um ônibus inteiro desembarca e sinto que as pessoas ficam meio sem saber para onde olhar. A empolgação era grande demais, assim como a ansiedade por vê-la e por saber se eu conseguiria fotografá-la. Montei meu equipamento e mirei para uma montanha onde havia uma espécie de “fumaça” atrás e cliquei.

Como fotografar a Aurora Boreal?

Após processar a imagem, o visor da câmera mostrou que a “fumaça” era, sim, a Aurora Boreal. Que emoção! Nesse momento a gente fica sem saber se olha ou se fotografa. É bem verdade que não dava para ver/distinguir muita coisa, alguns companheiros de viagem só a viram através do meu visor. As fotos que vemos das Auroras no instagram, por exemplo, levam um tempão captando a luzes, talvez por isso as pessoas esperem luzes verdes fosforescentes no céu. E, bem, não é o caso.

Minha Nikon D3000 velha de guerra, baterias extras, tripé e ousadia, são os itens usados para fotografar a Aurora Boreal na Islândia

Lembro que li muito sobre fotografia noturna,  fotografia de estrelas e de auroras antes de viajar. E nos fóruns de fotografia, chega a ser desmotivador buscar por dicas. Pra começar, quase não se vê mulheres comentando, o que automaticamente desestimula as fotógrafas amadoras. Não queria adquirir outro equipamento para fazer minhas fotos nessa viagem, pois minha câmera corrente (Nikon D3000) cumpre bem seu papel. Então fui pesquisar se era possível fotografar a Aurora Boreal com uma lente 18-55mm, a mais básica das lentes. E, se eu fosse seguir o que os “especialistas” dos fóruns recomendam, eu teria que ter deixado a minha câmera em casa – preferencialmente dentro do lixo –, ido apreciar as Northern Lights com os olhos e guardado o momento apenas  na memória. Mas isso não me inibiu, não. Comprei apenas um tripé, fiz alguns testes e fui com a cara e a coragem.

Meu passo a passo: Primeiro, desliguei o foco automático da lente, depois, configurei  manualmente um ISO alto (a partir de 800), deixei a lente na sua maior abertura do diafragma, no caso f3.5, e programei a velocidade do obturador para capturas de 25 segundos. Uma vez a câmera no tripé, foquei manualmente numa estrela no céu e fiz minha primeira foto.

Acima, minha primeira foto da Aurora Boreal, primeira foto feita com tripé, ah, e foi a primeira vez que vi a Aurora na vida
 
Há quem diga que é preciso um disparador remoto e até mais itens. E eu digo que, para fotografia amadora, dá para usar o temporizador da câmera e dá até para apoiar o aparelho numa mureta qualquer. O que é necessário mesmo é a possibilidade de você configurar sua câmera manualmente e que ela esteja em um lugar estável.

Nossa primeira caçada à Aurora Boreal teve mais duas paradas, mas a Srta. Aurora estava com preguiça nessa noite. Fomos pacientes, tomamos chocolate quente – providencial e incluso no tour –, mas nada aconteceu. O bom é que algumas agências de turismo da Islândia têm a prática de oferecer vouchers com 2 anos de validade caso você não veja baleias ou, no nosso caso, a Aurora. E a BusTravel Iceland garantiu que todos os turistas dessa nossa saída teriam o retorno garantido por até dois anos. 

Um céu limpo, muita dança e uma gambiarra

Terminei o tour da Aurora Boreal contente, pois deu pra tirar uma fotinho e ver um pouco, mas obviamente já estava pensando qual seria o próximo destino que iria para avistá-la como manda o figurino.

Na terça-feira, durante o retorno do passeio da Jökulsárlón – Glacier Lagoon (também com a BusTravel Iceland), extasiada de tanta beleza, por volta das 21:30, o guia avisa que o ônibus vai ter que fazer uma parada não programada porque a Aurora Boreal estava bem do nosso lado. Imaginem a loucura que foi dentro do ônibus! Desci como um foguete apenas com a câmera na mão – sim, o tripé havia ficado no hotel – e constatei que, de fato, a Aurora estava dançando sobre nossas cabeças, imensa, linda e bem mais visível que no dia da nossa caçada.

A segunda vez a gente também não esquece - Foto feita sem tripé e com MUITA emoção

Procurei um apoio para conseguir fazer uns cliques desse presente e achei uma caixa de eletricidade (!) ou seja, já consegui estabilidade, mas queria que a câmera apontasse um pouquinho mais pra cima, catei a primeira pedra que vi e coloquei embaixo da lente. Sim, havia conseguido um bom enquadramento e a Aurora Boreal estava lá, por cerca de meia hora, se exibindo pra gente. A euforia desse momento é indescritível, tinha cerca de 60 turistas do meu lado, mas só lembro de nós dois comemorando e não acreditando na sorte que tivemos. E na minha cabeça eu pensava: A gente pode se preparar pra tudo, mas tem dias que só coragem e uma gambiarra resolvem.



👉 Reserve passeios e transfers pelo mundo com conforto e segurança

👉 Alugue o carro da sua viagem online

👉 Reserve sua hospedagem com cancelamento grátis

👉
 Contrate seu Seguro Viagem com cobertura para a Covid-19 e divida em até 12x sem juros
SalvarSalvar
Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

2 Comentários

  1. Oi Rapha!!

    Eu li o seu relato com os olhos marejados pq eu lembrei de toda emoção que senti quando vi tb!!
    Eu tive MUITA sorte, por ter visto dois anos seguidos e viajando no verão! Ano passado fomos pro Alasca no final de agosto, pq queria fazer os programas que só tem no verão mas sabia que já tava rolando umas aparições, mesmo o sol se pondo lá pelas 22-23hs... Na nossa terceira noite lá, aquela "fumacinha" amarelada apareceu e só confirmamos mesmo pela câmera... Na noite seguinte um pooouco mais intenso, mas ainda assim tava bonita mesmo na foto. Confesso que rolou uma frustraçãozinha de "É isso mesmo, então?" Mas uns 2 dias depois... Vimos uma MUITO INTENSA, do tipo que fiquei até com medo (hahah irracional eu sei) de tanto que dançava, de tanto que iluminava o céu!! Lembro o quanto me senti sortuda aquele dia, de estar vendo aquilo!
    E esse ano fomos pra Islândia no começo de agosto, no último dia da viagem tinha chances, o céu tava super limpo... e lá ficamos até 01hs da manha pro céu enfim ficar escuro... E conseguimos ver de novo!! Muito menos intensa, mas ainda assim... Não tem explicação, eu só pensava que era uma coisa que sei lá se alguma vez na vida vou ter a chance de ver de novo, ficava tentando absorver tudo aquilo. É incrível demais, afff!!!

    E vc arrasou MUITO nas fotos!! As minhas nem de longe ficaram tão boas... hahaha O que salvou foi a GoPro que tem uma configuração ótima pra fotos noturnas, aí deixei fazendo timelapse enquanto apanhava com a outra no manual... hahahah

    :)

    Beijão!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, Marcela! Que feliz que a minha história fez você lembrar da sua. Ver a Aurora é, sem dúvida, um momento emocionante. E que massa você ter conseguido ver em momentos pouco prováveis, deixa tudo ainda mais eletrizante!
      Agora eu viciei nisso! Quero já saber qual será a minha próxima :D Mas a primeira, ainda por cima na Islândia, vai ficar guardada pra sempre no <3

      Ah, obrigada pelo elogio às fotos! Fiquei feliz demais por ter conseguido fazê-las. :)

      Um beijo e volte sempre!

      Excluir
Postagem Anterior Próxima Postagem