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Maskpackers | A reinvenção do lado doce de Curitiba

Ledinara Batista é a criadora do Curitidoce, um tour especializado em doces, sobremesas e guloseimas pelas ruas de Curitiba. Oferecido com sucesso desde 2014, o passeio pelo lado doce capital paranaense está suspenso desde 7 de março por causa da pandemia. A empreendedora, que também é jornalista, fala nessa entrevista para a Maskpackers dos impactos da pandemia no seu negócio e como foi o processo de reinvenção para se manter na temática dos doces, sem comprometer a renda e os parceiros de trabalho. 

A criação dos festivais online – tudo comandado através do Instagram, ferramenta que a guia domina muito bem –, foi um bom negócio para todos os envolvidos, uma vez que, em 19 dias, 10 docerias que participaram do projeto, faturaram juntas cerca de R$ 80.000, destaca Ledinara. Um movimento que parece ir na contramão do setor do turismo, duramente atingido pela pandemia. 

Apesar de receber e-mails diários com solicitação de reserva do tour por turistas de todo o país, Ledinara é categórica: o tour segue suspenso, sem data para voltar, porque ela ainda não considera que seja seguro voltar a oferecê-lo. Sem poder reclamar dos últimos meses, Ledinara não esconde a alegria em conseguir continuar levando doçuras às pessoas.  


Ledinara Batista criadora do Curitidoce
Foto: Arquivo pessoal

Quais foram os primeiros impactos da pandemia na sua rotina de trabalho?

No início de março, logo que foi confirmado o primeiro caso no Brasil, eu suspendi a agenda de tours. O último tour foi dia 7 de março. Eu já tinha a agenda de março e abril fechada, inclusive com passeios temáticos de Páscoa, que precisaram ser cancelados e os clientes ressarcidos. Eu tinha uma feira marcada em São Paulo na segunda semana de março. Fui, porém o último dia da feira também foi cancelado em cima da hora por conta do início dos casos. Com isso, minha rotina que era sair de casa 5 dias na semana visitando clientes e docerias mudou para 1 saída a cada 10 dias para ir ao supermercado. 

Onde você procurou orientação/informação para tomar as decisões sobre como proceder em relação ao produto turístico que você oferece?


No dia 14 de março eu estava em São Paulo e fui vendo aos poucos a proporção que foi tomando pelo mundo. Imediatamente, nem pestanejei, resolvi cancelar por tempo indeterminado os passeios e já fui fazendo as devoluções de quem já havia pago. E desde então, o passeio segue suspenso e sem previsão ainda de retorno. 

Curitiba, cidade inspiração de Ledinara Batista, a criadora do Curitidoce - Foto: Pixabay

Foi preciso se reinventar para manter seu trabalho? Como?

No início eu pensei 'vou tirar isso como férias, dar uma pequena pausa e repensar meu trabalho com o Instagram'. Porém, não consigo ficar parada. Não cheguei a pensar 'vou me reinventar', foi meio que sem perceber. Dois meses depois, fui acompanhando como as confeitarias estavam passando e com isso adaptei o tour para uma versão online, no Instagram. As docerias toparam participar e foi um sucesso. Durante 19 dias, 10 docerias tiveram doces com preços promocionais para seguidores do tour. Teve um total de mais de 80 mil reais em faturamento para elas e eu vi que poderia ser uma nova vertente do tour. Aliás, isso era uma ideia que eu tinha tido há uns 3 anos, mas nunca sobrava tempo para colocar em prática. Com a parada obrigatória dos passeios, sobrou tempo para fazer. 

Outra coisa que mudou, foi que aumentaram as procuras por publiposts no Instagram do Curitidoce. Todas as datas temáticas que vieram depois de fevereiro foram rentáveis para mim e consequentemente para as docerias. 

Setembro é o mês de aniversário do tour e sempre tinha uma edição especial. Desta vez fiz um calendário com 30 docerias participantes. Cada uma delas tinha um dia do mês e oferecia um doce com desconto. Isso movimentou também o faturamento delas e fez a marca Curitidoce crescer mais um pouquinho no Instagram. E agora, por último, adaptei um roteiro do tour, o Curitipão, para o formato de festival e também foi um sucesso. Onze padarias participaram durante 10 dias de festival. 

Eu realmente não posso reclamar financeiramente dos últimos meses, porque não fiquei sem trabalho e nem renda. Aos poucos o tour foi se adaptando e continuou levando doçura para as pessoas. 


Você já enxerga alguma retomada no turismo em Curitiba e região?

Sim. Estamos no alerta amarelo ainda, mas no último mês recebi e-mails quase diariamente pedindo para reservar o passeio. A cidade já voltou a receber turistas. Não no volume normal, mas estão vindo. Os pontos turísticos já reabriaram e a cidade (ou as pessoas) parece estar mais alheia à pandemia e vivendo um pós. 


Grupo reunido para o tour pré-pandemia
                   Foto: Arquivo pessoal      
             
Os restaurantes/docerias estão funcionando? Você tem frequentado algum? Quais protocolos de segurança você tem observado que  eles seguem?

Tudo já voltou a funcionar. Eu comecei a voltar a frequentar aos pouquinhos. Vou mais à trabalho. De lazer fui duas vezes nos últimos meses, mas não me sinto segura ainda para voltar a visitar como antes. 
Todos os lugares por onde passo estão com álcool na porta. A maioria tem controle de entrada das pessoas, para não se aglomerar. As mesas estão ou reduzidas ou com sinalização de distanciamento. Os clientes devem manter as máscaras até o momento de fazer o pedido, pois ficam em contato próximo com o atendente. Em alguns lugares só pode tirar a máscara quando estiver comendo. E muitas docerias investiram no delivery, mesmo com as altas taxas (25 a 27%), acabou ajudando no faturamento. 


Quais lugares em Curitiba você recomendaria pra quem quer visitar a cidade hoje?

Os mais amplos possíveis. Os parques reabriram, então continuam sendo uma boa pedida. O Mercado Municipal está desde o início com uma fiscalização pesada no controle de pessoas, então sinto segurança em recomendar. Ainda mais porque eles viviam basicamente do turismo e com a pandemia os empresários estão sofrendo para manter. Das confeitarias, as que ao chegar já se nota toda a sinalização de controle. 

Ledinara se reinventou e continua movimentando
a economia local - Foto: Arquivo pessoal

Com base na sua experiência, qual dica você dá para quem está pensando em viajar com segurança para Curitiba durante a pandemia?

Parece meio clichê o que vou falar, mas pelo que tenho notado nos últimos dias, o que vai contribuir para a segurança é manter a distância recomendada das pessoas, evitar bares e restaurantes com bastante gente e ter o álcool sempre por perto, para quando tocar em algo, já poder higienizar as mãos. 

Assim que pudermos todos voltar a viajar em segurança qual destino você gostaria de visitar e por quê?

Primeiro creio que será para algum destino de praia aqui por perto. Nunca gostei muito de Sol e praia, mas com a pandemia estou sentindo necessidade de pegar uns dias de Sol. Já para o ano que vem (ou quando der), meus destinos para as primeiras viagens são Canadá, porque quero fazer um intercâmbio de inglês. Espanha, para matar a saudade. E Londres, porque tenho o casamento de uma grande amiga, na metade de 2021. Espero que até lá as coisas melhorem.

Sobre a Maskpackers 

Observando colegas que moram no Brasil e no mundo fazendo rápidas viagens, turistando em suas próprias cidades, aproveitando rápidas férias ou feriados para recarregarem as baterias a fim de aplacar os efeitos negativos do isolamento causado pelo surto da Covid-19, resolvi criar uma coluna onde entrevisto uma série de viajantes (e pessoas que de alguma forma estão envolvidas com o turismo) e chamá-la de Maskpackers – uma brincadeira em inglês com as palavras mask e backpackers, “mochileiros de máscara”. 

Enquanto uma vacina não é desenvolvida, tentamos viver uma vida alternando entre o medo de se contaminar com o coronavírus e a dificuldade de se isolar. Como a máscara hoje se tornou um símbolo de quem adere às medidas de segurança, algumas pessoas passaram a viajar de um novo jeito e compartilham aqui com vocês quais são as impressões, cuidados e recomendações de quem viaja durante a pandemia. 

Aviso: aproveito para deixar claro que esse projeto não é um incentivo às viagens. A pandemia não acabou. Esse trabalho tem um cunho jornalístico com o intuito de relatar experiências de pessoas que ao mesmo tempo em que estão tentando se adaptar à nova realidade, acreditam na seriedade do assunto.



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Rapha Aretakis

Viajante e sonhadora em tempo integral. Edito, escrevo e fotografo para o Raphanomundo desde 2010. Nascida no Recife, criada para o mundo, vivendo na Alemanha.

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